DEIXA O SILÊNCIO PASSAR...
Segunda-feira de Carnaval. Ano 2021. Procurei pelo som de um batuque no ar, pelo colorido dos confetes e serpentinas, pelas fantasias-fugas, pelos blocos de rua e escolas de samba e até da Globeleza eu senti falta: “Lá vou eu, lá vou eu, hoje a festa é na avenida...” Onde está a alegria do Rei Momo? Ainda estamos na pandemia. Em meio a esse carnaval silencioso, atípico, me pus a lembrar de outros tempos, não muito distante, dos blocos de fantasias com amigos, dos salões lotados nos clubes e dos desfiles na Skindô (por 15 anos), minha eterna escola de samba verde e branco. E me veio na lembrança a marchinha de carnaval, tantas vezes dançada: “Esse ano não vai ser igual aquele que passou, eu não brinquei, você também não brincou, aquela fantasia que eu comprei ficou guardada, a sua também, ficou pendurada...”. Pois essa minha paixão chegou aos ouvidos de uma jornalista da terra que me ligou dizendo que estava fazendo uma matéria com pessoas de meia idade, como eu, para falar sobre “o amor de quem é apaixonado por carnaval. Mesmo não tendo esse ano, essa paixão segue viva dentro de cada folião” – disse ela. E me perguntou: Você tá sentindo falta? Ao que respondi: Não. Tentei abstrair, já que não há nenhum movimento a favor. O carnaval é uma festa popular que precisa de algo que lhe motive, que lhe contagie, ou seja, se não há nada sendo feito nesse sentido, ele fica adormecido, esperando o ano que vem chegar para se brincar dobrado, como disse Betânia. Afinal, “hoje eu não quero sofrer, hoje eu não quero chorar, deixei a tristeza lá fora, mandei a saudade esperar, lá, lá, lá, ia...”. Mas não tem como, lá no mais íntimo do meu ser, o fogo da chama carnavalesca arde como brasa acesa.
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