A REDESCOBERTA DA MINHA BIBLIOTECA DE CASA EM PLENO CAOS NO MUNDO



Nesses dias de confinamento em casa, devido ao Covid-19, essa pandemia que toma conta do mundo, menos acelerada, mais reflexiva, passei a sentir, observar e fazer coisas que não fazia há muito tempo. Um dos reencontros que tive foi com minha biblioteca particular, a MANALADATA. Foi nesse lugar mágico que vivi momentos de muito prazer e entretenimento ao lado de minhas 4 filhas, na descoberta dos livros e da leitura quando ainda eram crianças. Era desse lugar, povoado por livros, fantoches, fantasias, instrumentos musicais, malas e baús, que  partíamos rumo aos mais distantes cenários encantadores das várias histórias que eu contava ou que elas liam, muitas vezes somente através das imagens dos livros. Nesse lugar criado por nós, não existia esse tempo cronológico que dita o que devemos fazer, somente o tempo do era uma vez, um tempo sem limite, sem dimensão. Agora aqui, com casa vazia, procurando o que fazer, em meio ao tédio de ter que ficar em casa, me ocorreu de voltar a povoar esse espaço simbólico que é minha biblioteca. Aconchegada em meio aos livros, como se fossem muralhas de proteção contra o ataque de um monstro, tenho passado parte do meu dia escondida aqui, lendo, escrevendo, pensando, criando, trabalhando, sentada numa mesa rodeada de livros, com a janela escancarada pra entrar ar fresco, pra ver o verde, ouvir os pássaros, sentir a vida. E eis que me veio outros presentes-acalantos, nesse tempo de recolhimento... a gravação, em áudio, para a história Cadê Yerê (no forno) , de Janaína Teçá, com a bela melodia de minha filha, Tauana, para as palavras da Coruja... a homenagem  deliciosa do @geleiatotal, sete dias de postagens sobre minha vida e meu trabalho como contadora de histórias e escritora de livros para crianças.... as palavras reconfortantes de Clarissa Pinkola Estés, lidas em seu livro Libertem a Mulher Forte, transformadas por mim em áudio-balsamos de alivio, na gravação de trechos do livro... o Boi do Piauí nas Historinhas com Lelê.... quanta coisa percebida, sentida, degustada, ruminada por mim com outro sabor. Precisávamos parar....isso me faz lembrar a boneca Emília, de Monteiro Lobato, que em uma de suas aventuras decretou que era necessário existir no Sitio do Picapau Amarelo o dia de não fazer nada. O fazer nada, nos tempos de aceleração e cansaço em que vivemos é somente voltar a perceber, ver a vida de outro ângulo, menos racional, mais emocional, ampliar o canal sensitivo e espiritual. Muitas coisas acontecem na correria do dia a dia e nem nos damos conta, parar um pouco é necessário para realimentarmos o nosso viver, nossa essência, nossa natureza selvagem e a arte é um dos transportes mais eficazes para nos conduzir a esse caminho, mesmo diante do pavor, do medo e da destruição. 

                                                                                                                             Márcia Evelin 
                                                                                                                               Março/2020











Comentários

Tive o prazer de contratar os serviços de vocês, ainda no começo dessa história e acompanhei de vocês.
Sou muito orgulhosa desse progresso e espero está sempre por perto.
Sou fã.
Grande abraço.

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