BARCO DA LEITURA E CIRQUINHO DO LIVRO: PARA TOMAR GOSTO PELA LEITURA
Histórias sempre fizeram parte do cardápio preferido das crianças desde os mais remotos tempos. Mantendo viva essa tradição de contar histórias, o Diocesano desenvolve os projetos de incentivo à leitura Barco da Leitura e Cirquinho do Livro. Projetos que caíram no gosto dos alunos e viraram referência de iniciação ao mundo mágico das histórias.
Para falar sobre como tudo começou e como funcionam esses dois projetos, conversamos com a professora Márcia Evelin, idealizadora desse trabalho. Márcia vive mergulhada no mundo de contação de histórias exercendo o ofício de integrante do grupo Cafundó de Contadores de Histórias e também como professora, animadora, coordenadora e mestranda nessa área.
DIO – Como funciona o projeto Barco da Leitura?
MÁRCIA – O Barco da Leitura é uma biblioteca lúdica para a literatura infanto-juvenil, em que os usuários podem fazer leitura livre e também participam de projetos de incentivo à leitura, como o Vida e Obra do Autor, para alunos do 3º e 4º ano e o Lendo, Criando e Contando Histórias, para alunos do 5ºano. Além, dos projetos fixos, a biblioteca também tem participações em outros eventos do Colégio como o Festival de Contadores de Histórias (alunos do 6º ano), Feira de Livro, eventos comemorativos e exposições temáticas.
DIO – Há quanto tempo o projeto existe?
MÁRCIA – Desde o mês de Abril do ano 2000.
DIO – Quais os alunos participam do projeto?
MÁRCIA – Do 3º ao 6º ano.
DIO – O projeto Cirquinho do Livro é uma adaptação do Barco da Leitura para as séries menores?
MÁRCIA – As duas bibliotecas tem em comum o fato de serem bibliotecas temáticas, lúdicas, com propostas criativas para o incentivo a leitura e a contação de histórias, além de ambas serem organizadas para conterem somente livros de literatura infantil, uma espécie de laboratório de formar leitores. Uma funciona como continuação da outra, já que a maioria dos alunos que chegam ao Diocesano grande vem do Diocesano Infantil.
DIO – Quais os projetos dentro do Barco da Leitura e Cirquinho do Livro?
MÁRCIA – O Barco da Leitura possui dois projetos fixos, como já citei anteriormente, enquanto que o Cirquinho do Livro possui o projeto, Hora da História, que envolve todas as turmas da Educação Infantil, num sistema de rodízio semanal de turmas, para ouvirem histórias, recontarem, lerem e participarem de atividades relacionadas a história do dia. O outro projeto realizado é o Vida e Obra do Autor, com alunos do 1º ano, que na verdade nasce dentro do Cirquinho do Livro e continua no Barco da Leitura. Também há o Projeto Leitura na Rampa, que acontece paralelamente aos outros e serve como incentivo para a atividade a ser realizada no dia.
DIO – Existe algum link entre os dois projetos e a Feira do Livro que o Colégio realiza?
MÁRCIA – A biblioteca Barco da Leitura foi durante muito tempo a grande idealizadora, organizadora e coordenadora dessa feira, não podendo deixar de levar em conta a grande colaboração da direção, coordenação pedagógica, professores e funcionários da escola. Hoje a Feira de Livro é um evento independente e dentro dela nasceu um novo projeto de incentivo a leitura chamado Hora de Poesia. Os alunos também participam com apresentações de trabalhos realizados através dos projetos da biblioteca e de sala de aula.
DIO – Como é feita a pesquisa e escolha das obras e autores a serem estudados nos projetos?
MÁRCIA – No projeto Vida e Obra do Autor, quatro autores são escolhidos anualmente, com permanência de três anos. São selecionadas três obras literárias diferentes, de cada autor, respectivamente para os alunos de 2º (ainda no Cirquinho do Livro), 3º e 4º ano, que têm de adquirir os livros. Cada autor/obra é explorada por um trimestre em que são trabalhados a leitura individual e coletiva do livro, atividades relacionadas às histórias, contação de histórias e leitura de outras obras do autor, pesquisa de sua vida e obra, dentre outras atividades. Já no Projeto Lendo, Criando e Contando Histórias os alunos não precisam adquirir uma obra específica. Os livros trabalhados são da própria biblioteca e eles exercitam a criação literária e recriação de histórias, a intertextualidade e a contação de histórias, partindo de dinâmicas e técnicas apropriadas, que já servem como preparação para o Festival dos Contadores de Histórias, no ano seguinte. Os dois projetos funcionam, quinzenalmente, para cada turma, e são coordenados pela professora da biblioteca.
DIO – Existe o envolvimento da comunidade educativa nesses projetos? E dos pais?
MÁRCIA – Sim, os projetos são realizados em parceria com a coordenação e os professores de sala de aula e têm o conhecimento e apoio dos pais, que procuram a biblioteca para conhecê-los e tirarem dúvidas.
DIO – Quais os espaços e recursos utilizados nesses projetos?
MÁRCIA – O projeto Vida e Obra do Autor envolve vários instrumentos temáticos para a sua realização, que vão desde o próprio livro literário, passando pelo Diário de Bordo, guardião(ã) do livro, Passaporte do Leitor, Timão Literário, Oração do Barco, dentre outros. O Lendo, Contando e Criando Histórias utiliza-se basicamente do acervo literário da biblioteca e de alguns adereços utilizados em dinâmicas. Em alguns casos os dois projetos também utilizam outros espaços do Colégio para sua realização como o Terraço Suspenso e a Biblioteca Geral, por exemplo. O Cirquinho do Livro também possui instrumentos temáticos específicos. Já que o tema aqui é o circo a biblioteca possui ingressos para a entrada, picadeiro e uma cortina de circo que esconde o grande artista: o livro. Depois do momento inicial e da contação de história, a cortina é aberta para a leitura livre. A biblioteca ainda possui o momento do reconto das histórias, pelas crianças, onde são a Estrela do Cirquinho e uma música de circo, que é cantada pelos alunos na chegada e saída. Quanto aos espaços utilizados pelos projetos do Cirquinho do Livro encontram-se a própria biblioteca, que tem uma forma circular, a rampa de subida (em espiral) e o pátio da escola.
DIO – O Diocesano trabalha muito com a interdisciplinaridade. Como o Barco da Leitura e o Cirquinho do Livro ajudam no aprendizado das disciplinas?
MÁRCIA – Mesmo havendo os projetos específicos de cada biblioteca, eles não são independentes, pois há uma parceria entre biblioteca e disciplina de sala, no que se refere a conteúdo trabalhado.
DIO - Quais os temas e valores mais abordados nos projetos? Por quê?
MÁRCIA - Já na escolha dos livros a serem trabalhados procuramos variar os gêneros e estilos literários pertencentes a cada autor, a fim de que o aluno possa ter conhecimento da grande variedade literária. Adotamos a postura de ver a obra literária como uma obra de arte, em que priorizamos o estético e o prazer que sua leitura proporciona no leitor, não deixando de lado o conhecimento e os valores embutidos nelas.
DIO - Uma dica para os pais que querem fazer do seu filho um bom leitor.
MÁRCIA - Faça da sua casa um espaço onde o livro é visto como um objeto circulante e de valor. Quando falo circulante me refiro a sua utilização constante. Nada de livro parado nas estantes. Converse com seu filho sobre o que leu, leve-o para visitar bibliotecas e livrarias. O importante é criar em sua casa uma comunidade de leitores e que o livro seja um objeto de prazer, conhecimento e entretenimento.
DIO – Qual a sensação que fica em formar leitores?
MÁRCIA – Posso dizer que sou uma pessoa realizada. Com a idealização, criação e coordenação das duas bibliotecas do Colégio Diocesano, o Barco da Leitura e o Cirquinho do Livro. Durante 10 anos (de 2000 a 2010), pude colaborar com a leitura, contação de histórias e projetos de incentivo à leitura, na formação de muitos leitores que hoje já estão na universidade. E o mais gratificante de tudo é encontrá-los e ouvi-los dizer: – “Tia Márcia, como tenho saudades de suas histórias!” Nessas horas tenho a certeza de que um trabalho feito com amor, entusiasmo e dedicação é capaz de transformar o mundo e que valeu a pena todos esses anos dedicados a formação de leitores. Hoje essas duas bibliotecas continuam o trabalho de formar leitores, sob a coordenação de professoras que souberam abraçar a proposta inicial e já exercitam suas próprias criações e inovações. E estão se saindo muito bem. Agradeço de coração a oportunidade e confiança que o Colégio Diocesano depositou no meu trabalho.
(Entrevista concedida por Márcia Evelin ao site do Colégio Diocesano, em 6 de julho de 2012.
Ver no site:www.diocesano.g12.br
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