O LIVRO COMO UM OBJETO CIRCULANTE

Muitas pessoas me perguntam: o que fazer para ter um filho leitor? Costumo responder falando de minha própria experiência literária, do que tecendo discursos teóricos, sem nenhuma praticidade. Nasci num ambiente de livros e leitura. Meus pais são, até hoje, leitores que leem por prazer. Quando criança adorava receber em minha casa os livreiros-ambulantes, que carregavam uma grande bolsa, de onde tiravam todo tipo de livros, de todas as cores e tamanhos, já que não havia nessa época a grande quantidade de livrarias que tem hoje. Eu e meus irmãos nos debruçavamos sobre àqueles livros, comprados com muito sacrifício e através deles viviamos muitas aventuras. Esse foi um hábito que levei comigo pela vida afora. Casei ,tive 4 meninas e juntas criamos a MANALADATA, como nomeamos a nossa biblioteca de casa, onde guardamos nossos livros, fantoches, fantasias e jogos. Ali, passamos a trilhar o caminho de formação de um leitor, com contação de histórias e brincadeiras a partir delas, criação de textos literários, em caderninhos especiais, até a leitura independente por cada uma delas.Hoje, todas são leitoras. Em nossa casa o livro é um objeto circulante. Ele está em todos os lugares da casa. Amigo inseparável, é lido, comentado, recomendado aos amigos e principalmente respeitado. Posso dizer que somos "devoradoras" de boas histórias. E isso não anula o fato de vivermos muito bem com os nossos netbooks e companhia ltda, que são indispensáveis para a contemporaneidade. Cada instrumento tem o seu espaço próprio. Só pra ilustrar e provar a veracidade dos fatos: a minha filha de 16 anos leu nessas férias de final de ano, nada mais do que 10 livros literários, um saldo mais do que suficiente para uma boa leitora e tudo isso sem deixar de viajar, passear, encontrar amigos, tocar violão e visitar o facebook, para um bom bate-papo. E pensar que ainda existem pessoas que possuem casas e apartamentos nos melhores condomínios da cidade, munidas de todo tipo de objetos de luxo, com compartimentos para tudo: sala de TV, de videogame, de computadores, varandas com vista panorâmica, piscinas.... mas falta o principal: o lugar do livro. Seja uma biblioteca particular, quarto de leitura, escritório ou ao menos uma pequena estante na sala contendo alguns exemplares de livros para uma eventual leitura. O importante é fazer do livro um objeto circulante, que não para na estante, que passa de mão em mão, de olho em olho e volta mexido, folheado, lido. Mas, se aparecer a desculpa de que livro é caro, que você não pode comprá-los, coisas desse tipo, lembre-se de que a cidade tem bibliotecas com bons acervos, que possuem o serviço de empréstimo. Voltando a pergunta inicial, o que relatei até aqui deu para responder? Então procure agir o mais rápido possível, porque sempre há tempo de recuperar o atraso ou o que deixou de ser feito.

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