MENINO DO CONGO: A RIQUEZA DE MANTERMOS VIVA NOSSA ANCESTRALIDADE - por Márcia Evelin
A escrita de um livro literário pode
ser incentivada por vários motivos. O livro, Menino do Congo, nasce como
um presente de gratidão ao Grupo dos Congos da cidade de Oeiras (PI),
manifestação cultural de matriz africana, cantada e dançada pelos congueiros do
bairro do Rosário, os “negros do Rosário” como se orgulham de falar.
Durante todo o ano de 2010-12
realizei pesquisa de mestrado pelo PPGeL/UFPI com os integrantes deste grupo
cultural, mais especificamente com os brincantes mirins, os Conguinhos, meninos
que se transformaram em meus co-pesquisadores. Juntos buscamos despertar e
visibilizar laços de matriz cultural africana em suas vidas e na dos moradores
do bairro do Rosário, através da tradição oral, na realização das Rodas de Histórias
e Memórias e da literatura infantil, com as oficinas de leitura de livros
infantis que traziam personagens negros como protagonistas, com o Baú
África-Brasil. Nesse caminhar junto deles pude sentir, viver e experienciar a
força do grupo dos Congos, que vai muito além de uma simples representação, mas
figura-se como um ritual e um modo próprio de viver e interagir com a
sociedade.
Muitos dos meninos dos Conguinhos
com quem trabalhei nasceram e se criaram dentro desse universo, já fazendo
parte da 3ª geração dos Congos. Ao escrever Menino do Congo pensei em
descrever o ritual em forma de prosa poética, tendo como fio condutor da
narrativa um menino brincante dos Congos de Oeiras (PI) que permeia cada cena
da história, pulando de página em página e nos convida a não o perder de vista
e viver com ele a descoberta de ser um congueiro e ter a missão de passar esses
ensinamentos para as novas gerações.
O título, propositalmente, traz
uma ambiguidade, já que o ritual tem suas origens no continente africano. Inicialmente, o leitor pode pensar que se trata da história de
um menino que vive no Congo (país africano), quando na verdade vai falar do
ritual do Congado da cidade de Oeiras (PI).
Duas frases se repetem em vários momentos da história: E o menino? e Ele
conhece essa história mais do que ninguém, mas vale a pena lembrar contribuindo
para que o leitor esteja sempre atento e não esqueça qual o propósito da
leitura, numa maior interação com a narrativa.
Dançada em vários cantos do Brasil
o ritual da Dança dos Congos, Congado ou Congada, como é conhecida pelas
particularidades que ganha em cada região do Brasil é uma manifestação cultural
afro-brasileira, um auto-dramático-religioso, de origem banto-católica, em que
os brincantes cantam, dançam e dramatizam, um ritual-louvação a Nossa Senhora
do Rosário e São Benedito, revelando o sincretismo religioso brasileiro. Além
dos brincantes, que se responsabilizam pelas músicas e danças, o Auto traz a
cena o Rei, que defende a fé do seu povo; a Ordenança, que protege o Rei; o
Secretário, que transmite as ordens e mensagens do Rei e o Embaixador, que
chega de outras terras para questionar a crença do Rei.
O livro traz uma novidade
tecnológica. Apontando seu celular para o QR Code, presente na contracapa do
livro, você será direcionado para o meu canal no you tube, onde as músicas da
Dança dos Congos de Oeiras estão hospedadas, cantadas
pelos congueiros: Flávio Antônio Mendes da Silva (Presidente dos Congos de
Oeiras), Alesson Antônio Mendes de Morais Silva e Francisco Danilo de Sousa que vieram de Oeiras para uma participação especial na
contação da história, durante o lançamento.
Espero que essa dança-ritual, com
as particularidades que ganhou em solo piauiense, seja dançada por várias
gerações, passando de pai para filho, com força e vitalidade. Que este auto
ritual esteja presente em todas as escolas do nosso estado, do Brasil, quiçá do
mundo. É o MENINO DO CONGO quem vai nos mostrar a riqueza de mantermos viva nossa ancestralidade. Que não esqueçamos de respeitar e apreciar a cultura dos
Congos de Oeiras e de outras manifestações culturais de matriz africana que
afloram em cada canto do nosso estado e do nosso país, basta abrirmos os nossos
olhos e nossos corações para descobrirmos!
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS a: @leonardodias5871 e
toda a equipe da @editoranovaalianca e @entrelivroslivraria, ao @colegiodiocesano, a @prefeituradeoeiraspi, na pessoa da secretaria de educação, @tianatapety, a @lineaaaa_ (ilustradora), a @jorgetsm (designer gráfico), aos
amigos dos #congosdeoeiras, ao Dudu (do estúdio MWM, em Oeiras), a @dilsonlages,
aos amigos da @sociedadeliterariasol, @asfulodosertao a minha filha @tauanaqueiroz, a @isabelaalvesca, a @vitorcanejo (imagens), a meus primeiros leitores, Davi Lucas e Miguel, a meus pais e demais familiares e a todos os amigos(as), professores(as), orientador, ex-alunos(as) e tantos outros(as) que celebraram comigo o nascimento do livro Menino do Congo, meu
muito obrigada!
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Para saber mais sobre o livro Menino do Congo:
Entrevista Portal Entretextos - Dilson Lages https://www.portalentretextos.com.br/post/nova-alianca-publica-o-menino-congo-de-marcia-evelin
Sarau 16 - Otávio César https://www.youtube.com/watch?v=rw4ln2r_u2c
Se encontre nas fotos (@vitorcanejo) do evento. Link com todas as fotos https://1drv.ms/f/s!ApOCucew04ztoMtozXbv-qxbKZb8Dg
Flávio Silva, presidente dos Congos de Oeiras, em apresentação |
Congos de Oeiras: Fé e devoção |
A alegria dos congueiros de Oeiras |
Márcia Evelin em autógrafos do livro |
Márcia Evelin (autora) e Aline Guimarães (ilustradora) fazendo a festa com os Congos |
Flyer do lançamento
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